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PROPAGAÇÃO

sexta-feira, 22 de julho de 2011

HÁ AINDA O QUE OUVIR EM ONDAS CURTAS?


Nos últimos dias, nós, que acostumamos a acompanhar as emissoras internacionais que transmitem em ondas curtas em vários idiomas, tivemos vários revezes. Primeiro, foi o encerramento das transmissões em espanhol – sim, nós brasileiros sempre prestigiamos o idioma de Cervantes nas ondas curtas – das rádios Eslováquia e Praga, da República Checa. Depois, foi a vez da RDP Internacional – Rádio Portugal que desde 1º de junho deu um tempo em suas transmissões em ondas curtas. Agora, a mais nova ameaça é o possível fim das transmissões em vários idiomas da Rádio Nederland, a emissora internacional da Holanda, bem como da alemã Deutsche Welle que, por décadas emitiu em diversas línguas, incluindo o português. A estação holandesa que acabou com suas emissões em português há cerca de uma década, provavelmente terá baixas na boa programação em espanhol que serve de exemplo de jornalismo imparcial nunca visto nas ondas curtas.

O que resta para nós, que estamos acostumados a ligar o receptor de ondas curtas entre chiados e desvanecimentos do sinal para ouvir uma gama infinita de informações, músicas e notícias que outros veículos de comunicação não proporcionam?
Ao ligar o receptor, nos últimos tempos, acabo de tirar algumas conclusões. Antes de mais nada, ao contrário do que possa aparecer, há ainda um número considerável de estações que podem ser ouvidas em ondas curtas. Algumas emissoras deixaram de transmitir em ondas curtas, é verdade. Mas, por outro lado, outras, que existiam, chegaram a fortalecer suas emissões: algumas aumentaram horas de transmissões; outras remodelaram seus transmissores e, por fim, outras inventaram um modo alternativo de permanecer nas ondas curtas, sem precisar gastar muito – as emissões neste modo são caras, pois os transmissores demandam muita energia elétrica – para poder chegar aos quatro cantos do mundo.
No primeiro caso, podemos citar, por exemplo, a Rádio Exterior da Espanha que, há cerca de quatro anos, passou a transmitir em português para o Brasil, e a Rádio Internacional da China, presente nas ondas curtas em diversas freqüências, em horários diversos, em 38 idiomas. No segundo caso, o exemplo é a Rádio Romênia Internacional que investiu em novos equipamentos e tornou seu sinal audível a qualquer hora do dia, aqui no Brasil, em emissões que são direcionadas para outros continentes. Tal modo de agir deixa para trás os tempos em que os ouvintes brasileiros da Rádio Romênia precisavam ter antenas sofisticadas para acompanhar a programação em português que, aliás, foi encerrada, há cerca de uma década, justamente por problemas ocasionados por uma transmissão que saía de equipamentos sucateados. No terceiro caso, encontramos as rádios Praga e Eslováquia que, embora fechando seus parques transmissores, conseguiram permanecer nas ondas curtas por meio de uma parceria com outra estação, no caso, com a Rádio Miami Internacional.
E o que mais teríamos para ouvir? Em se tratando de Brasil, temos emissoras comerciais que permanecem transmitindo em ondas curtas, como as rádios Bandeirantes, de São Paulo (SP), Brasil Central, de Goiânia (GO), Gaúcha, de Porto Alegre (RS), e a Inconfidência de Belo Horizonte (MG) que, após quase duas décadas, reativou sua frequência de 15190 kHz, na faixa de 19 metros.  Mundialmente, ainda temos a Voz da Rússia firme e forte, assim como a Rádio Havana Cuba que possui bons equipamentos e pode ser captada facilmente. Além disso, temos uma inundação de emissoras religiosas que, se garimparmos, podemos encontrar em suas transmissões programas que visam o ouvinte não religioso.
Por tudo isso, acredito que teremos um tempo razoável para ouvir emissoras de ondas curtas nos próximos anos. De mais a mais, caso o modelo de ondas curtas digitais – o Digital Radio Mondiale – obtenha êxito, teremos que trocar os receptores e seguiremos firme na sintonia de emissões à longa distância. Por enquanto, desta forma, acreditamos que as ondas curtas ainda são uma forma dinâmica e ágil de acompanhar a cultura de outros povos, bem como ter contato com a informação sob outra ótica.

Sintonia das ondas...

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