Mark Wahlberg quando ainda era Marky Mark, na década de 90
Não é só o Kibe Loco
que está falando de depilação masculina. Pelo jeito todo mundo está.
Esta semana, numa aula minha, um aluno foi analisar com a turma um poema
muito legal sobre uma imigrante na Inglaterra que não consegue
encontrar roupa pro seu tamanho. De repente, sem qualquer interferência
minha, a classe toda tava discutindo animadamente sobre padrões de
beleza pra homens. Os
rapazes reclamavam da exigência para que se depilassem, pois a desculpa
é que pelos são sujos. Se eles não se depilam, são considerados
anti-higiênicos. Se se depilam, são considerados gays.
Hmm... Onde é que já vimos isso
antes? Mulher que não se arruma é vista como desleixada, baranga,
masculinizada. Mulher que se arruma é vista como perua, patricinha,
fútil. Não tem pra onde fugir. De um jeito ou de outro, a ordem é sempre
se sentir desconfortável neste corpo que, pelo jeito, não me pertence.
Quanto mais desconfortável, mais vou consumir pra chegar no corpo
perfeito... que nunca chegará. Já estou
devendo faz séculos um post sobre a exigência de mulheres se depilarem
por inteiro (um dia sai). Mas confesso que não entendo muito de
depilação pra homens. É realmente uma exigência? Porque o maridão é
peludo, nem nos seus piores pesadelos
sonha em apelar pra uma tortura medieval como depilação, e eu acho seus
pelos muito sexy (tirando os do nariz, que parece que todo homem depois
de uma certa idade tem).
O Kibe Loco ficou bravo com um comercial da Gillette, que faz parte de uma estratégia de marketing pra fazer com que os homens raspem tudo (pelo menos no carnaval). E o comercial é ruim mesmo. Será que a onda que já pegou vai pegar ainda mais?
Claro,
não desejo que homens sofram como as mulheres sofrem em busca de um
padrão de beleza inatingível. Eu quero que as exigências estéticas morram,
não que elas atinjam os homens. Quero que as pessoas possam se vestir e
se despir do jeito que quiserem, sem terem que se submeter a uma
ditadura ou a um padrão único.
Mas,
bem antes da discussão na sala, eu estava pensando numa coisa:
barriga tanquinho. Como pegou esse troço de barriga tanquinho pra homem,
né? Talvez hoje esse tipo de barriga seja uma exigência, será
que as mulher que não acha isso esteticamente atraente nem
muito macio? Mas o que eu estava pensando é que os galãs de antigamente
não tinham barriga tanquinho. E tinham pelos. E, sei lá, eram considerados bonitões, não? Umas amostras da época logo abaixo:
Cary Grant, eterno galã
Marlon Brando em Um Bonde Chamado Desejo
Sean Connery, que antes de entrar no cinema, foi fisicultor
Robert Redford e Paul Newman jogando ping pong nos anos 70
Will Smith em filmes em que ele faz um herói de ação
Taylor Lautner, bem lisinho pra quem fez fama interpretando um lobo.
Quando pensei na ditadura da barriga tanquinho, pensei no Brad Pitt em Thelma e Louise.
Eu me lembrava dele bem magrinho. E parecia fazer sentido. Afinal,
barriga tanquinho não é algo natural, que um cara acorda um dia, olha
pra baixo, e vê um abdomen todo definido. Conseguir uma barriga dessas
exige exercícios, treinamento, talvez anabolizantes, cuidados com a
alimentação. E, se um filme coloca um personagem com barriga tanquinho, a
gente já vai inferir várias coisas sobre aquele personagem. O jovem
ladrão sexy de Thelma e Louise não parece ser do tipo que gasta horas em academia de ginástica. Ele está sempre fugindo, dormindo aqui e ali, pegando carona. Mas... que nada. Este é o Brad Pitt de Thelma e Louise. E ele tem barriga tanquinho (e zero pelos).
As mulheres gostam de ver essas fotos não só porque elas mostram caras lindões sem camisa, mas porque elas provam padrões de beleza, que a sociedade feminina rapidamente transforma em “gosto pessoal”, não são universais e muito menos naturais. E isso vale pra todos os sexos.
Fonte: escrevalolaescreva.blogspot.com.br
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