Prof. Mário
Novello - CNPq / CBPF
Recentemente, cientistas de várias nacionalidades reunidos
em Mangaratiba, Rio de Janeiro, para a IX Conferência Internacional de
Cosmologia e Gravitação, examinaram intensamente uma novidade fantástica:
a de que viagens ao passado não são proibidas por nenhuma lei da Física.
Se aceitarmos a consideração de que na natureza tudo o que não é proibido
de acontecer realmente acontece, segue que estamos em face de uma situação
extremamente excitante. Estas conclusões foram obtidas por cientistas de diferentes
centros de pesquisa de Moscou, Copenhagen, Califórnia e do Rio de Janeiro.
É bem verdade que ao mesmo tempo que conseguimos mostrar esta espantosa
novidade chegou-se igualmente ao conhecimento do motivo de natureza
prática que nos impede de construir um aparato que funcionaria como um
verdadeira máquina do tempo. Embora as razões disso sejam por demais
técnicas para serem aqui apresentadas, podemos sintetizá-las em uma só
sentença. O campo gravitacional nas vizinhanças de nossa Terra é muito
fraco. Somente em regiões bem afastadas de nosso sistema solar,
eventualmente em outros sistemas estelares, as condições necessárias para
permitir aquela estranha viagem ao passado poderiam ocorrer. Não deixa de ser intrigante reconhecer as razões que
levaram os cientistas a essas pesquisas. Em 1949, um matemático austríaco,
K. Godel, examinando a Teoria da Relatividade Geral, de Einstein, mostrou
que um tal caminho ao passado seria possível. Esse estudo de Godel foi
deixado de lado durante mais de quarenta anos até que outros cientistas
redescobriram esses resultados e começaram a estudá-los com as ferramentas
modernas de nosso conhecimento da Física. As novidades alcançadas foram
pouco a pouco vencendo as barreiras e os preconceitos no interior da
própria comunidade científica e o estudo dessa questão passou a ser
considerado como convencional. Entre os diferentes resultados novos obtidos, um talvez
fosse interessante de chamar a atenção aqui. Trata-se de um antigo e
famoso paradoxo envolvendo a possibilidade de uma pessoa, ao voltar ao
passado, influenciá-lo e eventualmente alterá-lo. Por exemplo, se ao
voltar ao seu passado você impede o nascimento de seu avô, você estará
inviabilizando o seu próprio futuro nascimento. Assim aparece a
contradição: Como você não poderia ter nascido, então quem voltou ao
passado? Essa questão, que tem tradicionalmente ocupado os
pensadores de diferentes épocas, adquiriu uma fascinante resposta
apresentada pela Física Moderna. Mas essa é uma questão que deixarei para
um outro lugar.
Fonte: www.observatorio.ufmg.br
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