Estudo identifica uma "universalidade" que permeia tanto as cartas escritas como
a mais nova forma de comunicação do e-mail
Agência FAPESP
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As
ações humanas são realmente aleatórias e imprevisíveis? Não
necessariamente, de acordo com um estudo feito sobre a comunicação por
e-mail e cartas escritas. A pesquisa indicou que esses padrões de
correspondência humana podem ser modelados na forma de sistemas
matemáticos complexos. Fatores
como o ritmo circadiano, a repetição de tarefas e a mudança das
necessidades ocorrida ao longo da vida fornecem informações suficientes
para que se possa estimar padrões de envios de cartas ou e-mails. O trabalho, publicado na edição desta sexta-feira (25/9) da revista Science
implica que outros aspectos das ações humanas podem ser modelados dessa
mesma forma. Um dos autores do estudo é a brasileira Andriana
Campanharo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que
atualmente faz o doutorado na Universidade Northwestern, nos Estados
Unidos. Andriana
e colegas analisaram os padrões de correspondência de 16 escritores,
políticos, celebridades históricas e cientistas, entre os quais Albert
Einsten. O grupo identificou uma "universalidade", ou seja, um padrão
que permeia tanto as cartas escritas como a mais nova forma de
comunicação do e-mail. Segundo
eles, um mesmo modelo pode descrever com exatidão os dois padrões de
correspondência entre indivíduos, por papel ou eletrônico. Por exemplo,
da mesma forma que um autor de um blog pode esperar um aumento em
sua correspondência eletrônica depois que seu e-mail for divulgado na
internet, Einstein passou a receber muito mais cartas depois que
publicou a Teoria da Relatividade, em 1919. Ou
seja, os padrões de comunicação, além da ocorrência aleatória, são
também governados pela própria natureza humana, apontam os cientistas.
Os modos com que os estilos de vida individuais afetam esses padrões
podem ser modelados como um sistema complexo. "A
identificação e a modelagem dos padrões de atividade humana têm
ramificações importantes para aplicações que vão da previsão da extensão
de doenças à otimização da alocação de recursos. Por causa da sua
relevância e disponibilidade, a correspondência escrita fornece um
modelo poderoso para estudar a atividade humana", descrevem os autores. "Tanto
na correspondência por cartas como na por e-mail, os padrões de
correspondência são bem descritos pelo ciclo circadiano, pela repetição
de tarefas e pelas mudanças nas necessidades de comunicação", afirmaram.
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