A primeira infância de Chico Buarque se passou em São Paulo, na cola do pai que se mudara incumbido em administrar o Museu do Ipiranga. Nos anos 50, a família muda-se novamente, dessa vez para Roma, na Itália, onde Sérgio Buarque recebia diversas personalidades artísticas do Brasil, entre políticos, poetas e escritores (antes de ser parceiro de Chico, Vinícius de Moraes era amigo de seu pai e habitué da casa da família na Itália). O caldo cultural dos primeiros anos de vida de Chico aliados a um dom natural para a música explicam muito de sua produção artística a partir dos anos 60.
Suas primeiras obras musicais foram algumas operetas que ele cantava na companhia das irmãs. Mas a grande transformação viria com a chegada da Bossa Nova eo álbum Chega de Saudade, de João Gilberto, que marcaria de maneira intensa os ouvidos e os sentidos do jovem Chico Buarque. Ele ouvia Chega de Saudade dia e noite, sem parar, além dos sambas tradicionais de Ismael Silva, Noel Rosa e pares.
A primeira música composta por Chico Buarque foi Canção dos Olhos, em 1959. Maso próprio autorconsidera o ponto de partida de seu portfólio musical a canção Tem mais Samba, de 1964, composta nos tempos em que o Chico cursava a FAU, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, na USP, que não chegou a completar. Foi nessa época que ganhou o apelido de “Carioca” de seus amigos paulistas, que agora dá nome aos seus álbum e turnê.
Um ano depois, os dois primeiros compactos: Pedro Pedreiro e Sonho de um carnaval. É a época em que se inscreve nos festivais das TVs e conhece João Gilberto e Caetano Veloso,em que o Brasil fervia emintensa agitação política e cultural. Lança seu primeiro álbum em 1966, chamado simplesmente Chico Buarque de Hollanda, marcado por sambas de simplicidade musical e letras de poética elaborada, sua marca registrada.
Foi também no fim dos anos 60 que a Ditadura Militar passou a perseguí-lo, junto de outros artistas que bateram de frente com o poder vigente à época. Em 1968, Chico escreveu a peça Roda Viva que, em cartaz no Teatro Galpão, em São Paulo, teve uma apresentação invadida pela polícia e por integrantes do CCC (Comando de Caça aos Comunistas). Tal fato faz com que Chico se auto-exile na Itália por um ano, marcando o momento financeiro mais difícil de sua carreira. A temporada italiana foi decisiva para Chico ter contato com outros tipos de música. Na volta, as influências iam muito além do samba-nostálgico dos anos 60, tanto na letra quanto na melodia. Em 1970, o compacto com a música Apesar de Você, um clássico de combate à Ditadura, foi censurado após vender 100 mil cópias, sendo gravado em um LP apenas oito anos mais tarde.
Os problemas com a censura ocorreram por todos os anos 70 e, para evitá-la, criou o personagem Julinho de Adelaide, para que pudesse melhorar a relação de suas composições com os militares. Chico também se firma como autor teatral. O fim dos anos 70 e início dos 80 é marcado por grande produção para cinema e teatro, como Vai Trabalhar Vagabundo, Ópera do Malandro, Bye, Bye, Brasil e toda trilha sonora do filme Os Saltimbancos Trapalhões, entre outras.
A produção musical de Chico Buarque nos anos 80 diminuiu o ritmo, dando vazão a outras áreas.Mas seu engajamento político continuou intenso: ao lado se seu pai, participa dos primórdios da fundação do Partido dos Trabalhadores, o PT, e finca os pés na luta democrática do país. Em 1985, participou da campanha pelas Diretas Já.
A partir dos anos 90, Chico passou a alternar a música e a literatura com distância temporal cada vez mais espassada entre uma obra e outra. Em 1991, lançou olivro Estorvo, dois anos antes do disco Paratodos. O romance Benjamim chegou às livrarias em 1995, dando lugar ao álbum As Cidades em 1998. Budapeste, sua última obra literária, foi lançada em 2004, dois anos antes do álbum e turnê de Carioca.
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